segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Filmes que são uma desgraça: MASTERS OF THE UNIVERSE (1987)



Munido de muita coragem, recentemente me forcei a rever Masters of the Universe (1987), o tenebroso filme do He-Man estrelado por Dolph Lundgren. É uma querida memória da infância (vi o filme no cinema aos seis anos de idade), mas é inegável o fato de que o filme é ruim de doer. Nunca o achei grande coisa, mas especialmente sob um olhar crítico adulto, o filme se torna ainda mais intragável.


É uma pena, pois várias ideias até que foram bem executadas (como o personagem Gwildor e a perfeita escalação tanto de Lundgren quanto de Frank Langella para viver o vilão Esqueleto). No final das contas, acho que o que faltou nesta bomba foi orçamento mesmo. O filme é de uma pobreza franciscana e a ideia de trazer He-Man para a Terra mais parece um jeito de economizar uns trocados do que uma "boa sacada" narrativa. 

"Por favor, me tirem de dentro desse filme!"


O filme é um desastre. Quem já viu sabe. Quem ainda não viu, está perdendo uma hora e meia de muitas risadas. É tanta coisa que fica até difícil saber por onde começar! Dolph Lundgren desfila seminu durante todo o filme, sendo que sua indumentária mais parece um biquini, e a película consegue a proeza de fazer o personagem parecer ainda mais gay do que no desenho animado original. Langella faz o que pode na pele (ou seria nos ossos?) do Esqueleto, mas infelizmente ele não pode estar na tela o tempo todo e o filme perde muito em cada cena em que ele se faz ausente. 

 He-man sendo açoitado no bumbum. Lembra disso no desenho animado? Eu também não ...


As partes do filme ambientadas em Eternia garantem algum interesse, mas como 95% do filme se passa nas ruas de uma pequena e desinteressante cidade do interior dos EUA, é desnecessário dizer que os raros bons momentos são simplesmente insuficientes para salvar o filme como um todo. De novo, a ausência de orçamento se faz evidente: se era para o Esqueleto e seus exércitos invadirem a Terra, por que não o fazer em grande estilo, surgindo de forma grandiosa no meio de Paris, Nova York ou - que diabos - até do Rio de Janeiro? "Coincidentemente", os personagens vêm parar no meio de uma locação pequena e barata. Tá certo ...

 "Y-M-C-A, it's fun to stay at the Y-M-C-A ..."

Uma curiosidade: alguém já reparou como o "super" Esqueleto do final do filme é incrivelmente semelhante ao vilão Lassic, do clássico game Phantasy Star do Master System? Considerando que o filme saiu em agosto de 1987 e que o jogo foi lançado no Japão em dezembro do mesmo ano, estou convencido de que a Sega "chupou" o visual do Esqueleto visto no filme para usá-lo na caracterização de Lassic. 



Se isso for mesmo verdade, pelo menos essa fracassada, espinafrada e esquecível película teve o mérito de exercer alguma influência estética sobre um dos RPGs mais aclamados de todos os tempos. Se um dia me sobrar um tempo, ainda vou tirar essa história a limpo! Por enquanto, fica o mistério ...

Review: O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954)

 

Fiquei muito impressionado ao constatar o quanto "O Monstro da Lagoa Negra" (Creature From the Black Lagoon, 1954, dirigido por Jack Arnold) é um filme bom para os padrões de sua época! O design da criatura é sensacional, imagino que as cenas de "closes" no monstro devem ter tirado o sono de muita gente nos anos 50. Além disso, as cenas subaquáticas são de uma qualidade incrível para a época, e toda a ambientação no geral é excelente.

O filme se passa no interior da floresta amazônica brasileira e, embora obviamente as filmagens não tenham passado nem perto do nosso país, pelo menos eles se deram ao trabalho de colocar nomes em português em personagens secundários, no barco e no instituto no qual os protagonistas trabalham (é mais do que eu poderia esperar de um filme americano dos anos 50).

 "Rola um beijinho?"

No geral, é um filme de terror bastante eficiente. Imagino que tenha sido considerado aterrorizante quando foi lançado, e a verdade é que a obra envelheceu muito bem. Na verdade, este é um filme que merece ser visto não apenas pelos fãs do gênero mas também por qualquer cinéfilo, dada a relevância histórica do filme.

Impossível falar sobre este velho clássico de horror sem mencionar a cena da Julia Adams de maiô branco, a imagem mais icônica do filme depois do monstro em si. Muitos adolescentes dos 50s, depois de terem visto esse filme, devem ter ido para casa com um confuso sentimento misto de horror e excitação!



Eu tenho a tese de que toda história de monstro que se "apaixona" (explícita ou implicitamente) pela mocinha bonita é, em última instância, uma reedição do amor platônico do King Kong pela personagem de Fay Wray. Isso vale pro Gil-Man do "Monstro da Lagoa Negra", para todos aqueles robôs com donzelas nos braços dos filmes de ficção científica dos anos 50 e até para vilões de videogame como Donkey Kong e Bowser Koopa. Mas tenho perfeita consciência de que a minha tese tem alcanço temporal limitado: no fundo, o próprio King Kong, de certa forma, reconta o drama do clássico conto de fadas da "Bela e a Fera", que tem no mínimo quatro séculos ...

Ok, chega de divagações. Fica a dica: dê um jeito de ver "O Monstro da Lagoa Negra" e divirta-se!





terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2013



Credo, já estamos em 15 de janeiro e eu ainda não escrevi a Mensagem de Ano-Novo da Cripta do Caveira! Meu Deus, como o tempo voa! Bom, mas não vamos mais perder tempo então ...

Os frequentadores de longa data da Cripta sabem que a Mensagem de Ano-Novo é uma consolidada tradição aqui no blog, pelo menos, desde os idos de 2006 ou época próxima. Gosto de aproveitar esse período do ano para pensar rapidamente sobre o ano que foi pro saco e sobre o que podemos esperar do novo ano que começa.

Alguém pode dizer "ah, mas essa coisa de Ano-Novo é um convencionalismo banal, é burocracia de calendário, apenas mascara a natural sucessão dos dias, que é sempre a mesma, etc, etc, blablablá". Peço licença para discordar.

O tempo, entendido enquanto experiência vivida por nós humanos, tem absolutamente tudo a ver com a forma com a qual nós o percebemos, experimentamos, vivenciamos e interpretamos. Para esta questão em particular, para a nossa percepção, para os sentimentos que orientam nossas vidas, pouco importam as leis físicas do tempo. A maneira como nós percebemos o tempo (e a passagem dele) e nos situamos dentro de seu decurso é, efetivamente, aquilo que o tempo realmente é para a experiência do existir humano.

Tá, eu sei, peguei um assunto interessante e fiz o troço virar uma coisa chata. Quero dizer, fiquei mais chato do que o normal. Vamos fechar esse raciocínio então. Não vou tomar seu tempo dizendo que descobri que um ano é, simplesmente, um período de tempo muito curto. Não, eu descobri isso há anos e já falei sobre isso na mensagem de 2009 (http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2009/01/breves-anos.html). Também não vou me estender na ideia de que, apesar de toda essa euforia tecnológica em que vivemos, o "futuro" em que estamos deixou muito a desejar em relação ao futuro com o qual sonhávamos há vinte anos atrás - também já falei disso, na mensagem de 2010 (http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2010/01/mensagem-de-ano-novo-do-caveira.html).

Acho que, se há alguma coisa que fica de lição pra mim da experiência de vida de 2012, ela pode ser resumida na seguinte ideia: a felicidade tem a ver com nós estarmos permanentemente apaixonados. Ei, calma aí, não me entenda mal: não estou sugerindo que você saia por aí passando cantadas em todas as mulheres ou homens que encontrar pela frente. Não estou nem sequer falando de paixão romântica. Acho, nesta altura do campeonato, que uma vida feliz e bem vivida requer um permanente e renovado sentimento de paixão por projetos, iniciativas criativas, manifestações artísticas, ideias, filmes, livros, música, lugares - e, é claro, também por pessoas. Não precisam ser muitas. Uma aqui e outra ali, de vez em quando, já está de bom tamanho.

Stephen King tem um conto do qual eu gosto muito, sobre um vendedor que viaja bastante por longas estradas e, como passatempo, anota num caderninho as frases mais legais que encontra em banheiros pelos bares, restaurantes e lugares pelos quais passa. Até o dia em que ele encontra, em um banheiro, uma frase sucinta mas poderosa, que o faz pensar sobre a sua vida e para onde ela se encaminha. A frase é: "Tudo o que você ama lhe será arrebatado".

Não há nada de novo nisso, na verdade. Trata-se de uma nova roupagem para o velho e sábio apelo à consciência da própria mortalidade. Os escolásticos medievais carregavam consigo uma caveira e cumprimentavam-se uns aos outros com a frase "Memento Mori", que significa "lembre-se de que você vai morrer".

Parece meio mórbido, mas eu pergunto: será que mórbido, de verdade, não é esse tabu insano que a nossa sociedade cria em torno da morte? Mórbido, de verdade, não é ver tantas pessoas vivendo como se fossem durar para sempre - ou viver milhares de anos? Mórbido não é esse fingimento psicótico de que a morte é um "infortúnio" do qual temos boas chances de escapar? Será que ter consciência, de forma madura e racional, da natureza da vida e da morte não é uma postura mais sábia e apta a nos permitir a adoção de uma ética individual mais adequada a nos conduzir à felicidade?

Vivenciar e aproveitar o momento. Lembrar que a chama se extingue em poucos anos. Viver apaixonado. Ninguém me perguntou, mas eu acho que é por aí.

Um Feliz 2013 para todos vocês, corpos & almas!



MENSAGEM DE ANO-NOVO 2012: http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2012/01/mensagem-de-ano-novo-2012.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2011: http://caveirascrypt.blogspot.com/2011/01/mensagem-de-ano-novo-2011.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2010: http://caveirascrypt.blogspot.com/2010/01/mensagem-de-ano-novo-do-caveira.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2009:  http://caveirascrypt.blogspot.com/2009/01/breves-anos.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2008: http://caveirascrypt.blogspot.com/2008/11/recapitulando-2008.html