terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2013



Credo, já estamos em 15 de janeiro e eu ainda não escrevi a Mensagem de Ano-Novo da Cripta do Caveira! Meu Deus, como o tempo voa! Bom, mas não vamos mais perder tempo então ...

Os frequentadores de longa data da Cripta sabem que a Mensagem de Ano-Novo é uma consolidada tradição aqui no blog, pelo menos, desde os idos de 2006 ou época próxima. Gosto de aproveitar esse período do ano para pensar rapidamente sobre o ano que foi pro saco e sobre o que podemos esperar do novo ano que começa.

Alguém pode dizer "ah, mas essa coisa de Ano-Novo é um convencionalismo banal, é burocracia de calendário, apenas mascara a natural sucessão dos dias, que é sempre a mesma, etc, etc, blablablá". Peço licença para discordar.

O tempo, entendido enquanto experiência vivida por nós humanos, tem absolutamente tudo a ver com a forma com a qual nós o percebemos, experimentamos, vivenciamos e interpretamos. Para esta questão em particular, para a nossa percepção, para os sentimentos que orientam nossas vidas, pouco importam as leis físicas do tempo. A maneira como nós percebemos o tempo (e a passagem dele) e nos situamos dentro de seu decurso é, efetivamente, aquilo que o tempo realmente é para a experiência do existir humano.

Tá, eu sei, peguei um assunto interessante e fiz o troço virar uma coisa chata. Quero dizer, fiquei mais chato do que o normal. Vamos fechar esse raciocínio então. Não vou tomar seu tempo dizendo que descobri que um ano é, simplesmente, um período de tempo muito curto. Não, eu descobri isso há anos e já falei sobre isso na mensagem de 2009 (http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2009/01/breves-anos.html). Também não vou me estender na ideia de que, apesar de toda essa euforia tecnológica em que vivemos, o "futuro" em que estamos deixou muito a desejar em relação ao futuro com o qual sonhávamos há vinte anos atrás - também já falei disso, na mensagem de 2010 (http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2010/01/mensagem-de-ano-novo-do-caveira.html).

Acho que, se há alguma coisa que fica de lição pra mim da experiência de vida de 2012, ela pode ser resumida na seguinte ideia: a felicidade tem a ver com nós estarmos permanentemente apaixonados. Ei, calma aí, não me entenda mal: não estou sugerindo que você saia por aí passando cantadas em todas as mulheres ou homens que encontrar pela frente. Não estou nem sequer falando de paixão romântica. Acho, nesta altura do campeonato, que uma vida feliz e bem vivida requer um permanente e renovado sentimento de paixão por projetos, iniciativas criativas, manifestações artísticas, ideias, filmes, livros, música, lugares - e, é claro, também por pessoas. Não precisam ser muitas. Uma aqui e outra ali, de vez em quando, já está de bom tamanho.

Stephen King tem um conto do qual eu gosto muito, sobre um vendedor que viaja bastante por longas estradas e, como passatempo, anota num caderninho as frases mais legais que encontra em banheiros pelos bares, restaurantes e lugares pelos quais passa. Até o dia em que ele encontra, em um banheiro, uma frase sucinta mas poderosa, que o faz pensar sobre a sua vida e para onde ela se encaminha. A frase é: "Tudo o que você ama lhe será arrebatado".

Não há nada de novo nisso, na verdade. Trata-se de uma nova roupagem para o velho e sábio apelo à consciência da própria mortalidade. Os escolásticos medievais carregavam consigo uma caveira e cumprimentavam-se uns aos outros com a frase "Memento Mori", que significa "lembre-se de que você vai morrer".

Parece meio mórbido, mas eu pergunto: será que mórbido, de verdade, não é esse tabu insano que a nossa sociedade cria em torno da morte? Mórbido, de verdade, não é ver tantas pessoas vivendo como se fossem durar para sempre - ou viver milhares de anos? Mórbido não é esse fingimento psicótico de que a morte é um "infortúnio" do qual temos boas chances de escapar? Será que ter consciência, de forma madura e racional, da natureza da vida e da morte não é uma postura mais sábia e apta a nos permitir a adoção de uma ética individual mais adequada a nos conduzir à felicidade?

Vivenciar e aproveitar o momento. Lembrar que a chama se extingue em poucos anos. Viver apaixonado. Ninguém me perguntou, mas eu acho que é por aí.

Um Feliz 2013 para todos vocês, corpos & almas!



MENSAGEM DE ANO-NOVO 2012: http://caveirascrypt.blogspot.com.br/2012/01/mensagem-de-ano-novo-2012.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2011: http://caveirascrypt.blogspot.com/2011/01/mensagem-de-ano-novo-2011.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2010: http://caveirascrypt.blogspot.com/2010/01/mensagem-de-ano-novo-do-caveira.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2009:  http://caveirascrypt.blogspot.com/2009/01/breves-anos.html

MENSAGEM DE ANO-NOVO 2008: http://caveirascrypt.blogspot.com/2008/11/recapitulando-2008.html

Nenhum comentário: