segunda-feira, 26 de julho de 2010

Duro de Matar


Nesse fim de semana eu revi DURO DE MATAR (Die Hard), de 1988, um dos meus filmes de ação prediletos. É a enésima vez que vejo o filme, mas quando fico muito tempo sem vê-lo a saudade bate. O filme é um verdadeiro paradigma do cinema de ação, e claramente pegou carona no sucesso de outra pérola do gênero, Máquina Mortífera (Lethal Weapon), lançado no ano anterior.

Na trama, Bruce Willis (com aquela cara que o celebrizou no seriado A Gata e o Rato) é o policial John McClane, da polícia de Nova York, que vai passar o Natal com a esposa (da qual está separado) e com os filhos em Los Angeles. O cara chega no meio de uma festa de fim de ano realizada no Nakatomi Plaza, um enorme arranha-céu, sede da empresa onde trabalha a esposa dele. O sujeito mal tem tempo de chegar e passar uma água na cara quando, do nada, um grupo de terroristas absurdamente bem armados invade o prédio e transforma todos os funcionários em reféns. McClane se esconde nos andares superiores do prédio e começa a ferrar com os planos dos bandidos.


O que eu gosto em Duro de Matar é que o filme não perde o fôlego nunca, e é uma diversão do começo ao fim. Humor, suspense, tiroteios, socos e chutes, sangreira, explosões, trilha sonora incidental, TUDO funciona que nem um relógio. Todas as continuações também são legais (embora exista um certo consenso de que o terceiro filme, Duro de Matar - A Vingança, é o mais fraco de todos), mas nenhum deles chega nesse ponto de perfeição do original.

Em grande parte, isso se deve ao fato de que não é fácil arranjar um vilão com a força de Hans Gruber, encarnado com maestria pelo sempre sinistro Alan Rickman (os filmes posteriores jamais conseguiram emplacar um vilão tão marcante, apesar do talentoso Jeremy Irons ter feito o melhor que pôde no terceiro filme). Não adianta: o Duro de Matar original está naquele patamar de qualidade máxima do gênero, reservado para poucos, ao lado de Comando para Matar, dos dois primeiros filmes da série Máquina Mortífera, do segundo Rambo e do primeiro filme da série Predador.


Lendo sobre o filme, descobri uma coisa quase inacreditável: Duro de Matar foi baseado em um livro chamado Nothing Lasts Forever, lançado em 1979 e escrito por um tal Roderick Thorp! Sim, um dos filmes de ação mais frenéticos e explosivos dos anos 80, baseado em um LIVRO! E pelo que li, Duro de Matar não é só levemente "inspirado", mas sim extremamente fiel ao livro. Parece que várias das cenas mais memoráveis do filme foram adaptadas diretamente do livro. Caramba, preciso ler esse troço um dia! Isso é que eu chamo de uma literatura explosiva. 


Pelo que consta, esse Roderick Thorp primeiro escreveu um livro chamado The Detective, lançado em 1966. O livro marcava a estréia do personagem Joe Leland (que viraria John McClane em Duro de Matar) e fez sucesso, dando origem a um filme de mesmo nome em 1968, estrelado por Frank Sinatra. Alguns anos depois, Thorp viu o clássico Inferno na Torre nos cinemas, ficou muito impressionado e teve um sonho no qual uns caras armados perseguiam um sujeito num arranha-céu (isso lembra alguma coisa?). Então ele usou essa ideia como ponto de partida para fazer uma nova aventura de seu personagem Joe Leland, e escreveu Nothing Lasts Forever, a continuação de The Detective e a base do roteiro de Duro de Matar.


Apesar do primeiro filme ser de longe o meu favorito, as continuações também são muito legais. Duro de Matar 2 é ótimo, apesar de não ter o impacto e a originalidade do primeiro. Quanto ao Duro de Matar - A Vingança (1995), eu vi ele no cinema na época em que estreou, e lembro de ter achado muito legal. Olhando em retrospecto agora, é difícil não concordar com o consenso de que ele é o mais fraco da quadrilogia, apesar de eu ainda achar que ele cumpre seu papel como um bom exemplar da série. 


Por fim, o recente Duro de Matar 4.0 (Live Free or Die Hard) de 2007 foi uma grata surpresa: muita gente (eu incluso) achava que Willis simplesmente não tinha mais idade para encarnar McClane de forma convincente, mas o filme ficou muito bom, e talvez seja melhor, no final das contas, do que o segundo filme da série. Agora já estão falando em um Duro de Matar 5 - e podem ter certeza que eu estou torcendo para que ele vire realidade!

Enfim ...Yippie-ki-ay, motherfucker!!!


Outras curiosidades:

- A primeira idea de Hollywood era adaptar a história de Nothing Lasts Forever para ser o roteiro da continuação do filme Comando para Matar (Commando, de 1985), o clássico de ação oitentista estrelado por Arnold Schwarzenegger. Quando o astro deu pra trás, a continuação acabou nunca saindo e a premissa foi refeita para ser um novo filme com uma história independente, ou seja, o primeiro Duro de Matar.

- Acredite se quiser, mas a continuação Duro de Matar 2 (de 1990) TAMBÉM foi inspirada em um livro58 Minutes, de Walter Wager (que não tem qualquer relação com os livros de Roderick Thorp). É, pessoal, aposto que vocês não imaginavam que John McClane também é literatura!

- O imponente prédio do Nakatomi Plaza existe mesmo, e realmente fica em Los Angeles. Ele se chama Fox Plaza, pertence ao estúdio 20th Century Fox, e apareceu em pelo menos três outros filmes: Clube da Luta (é um dos prédios destruídos no fim do filme), Airheads e Velocidade Máxima (cena de abertura do filme). E o ex-Presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan ocupou uma suíte no 34º andar por sete anos, depois do fim de seu mandato. Isso sim é que seria motivo para alguns terroristas quererem botar o prédio abaixo, não?

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