segunda-feira, 26 de abril de 2010

Álbum recomendado: MEGADETH - RUST IN PEACE (1990)



Falta menos de 24 horas para eu realizar o sonho de ver ao vivo o MEGADETH, uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos e que até hoje nunca tive a oportunidade de ver de perto, apesar de ser fã de Dave Mustaine & Cia há quase quinze anos! Para comemorar o show que se aproxima, resolvi resenhar um álbum do Megadeth. Como já resenhei anteriormente o álbum mais recente da banda (Endgame, de 2009), dessa vez vou dissecar o disco que é considerado a obra-prima absoluta do Megadeth por 99% dos fãs da banda: RUST IN PEACE, de 1990.

Rust in Peace foi lançado em 24 de setembro de 1990, dez dias depois do meu aniversário de nove anos (e uns sete anos antes de eu virar fã da banda). O álbum apresenta uma das capas mais legais da história do heavy metal, mostrando uma reunião dos maiores líderes internacionais da época no mítico Hangar 18 (ou Area 51). Estão ilustrados os líderes do Japão, da Alemanha, da Inglaterra (John Major), da União Soviética (Gorbachev) e dos EUA (George Bush pai). Na frente deles, aparece Vic Rattlehead (um esqueleto de óculos escuros), o tradicional mascote da banda. Vic aparece sobre o corpo de um alienígena, morto (ou em animação suspensa) dentro de uma estrutura cilíndrica. Sensacional.

Mas não é apenas pela capa que Rust in Peace se tornou um dos álbuns de metal mais aclamados da história. O disco abre com a poderosa HOLY WARS ... THE PUNISHMENT DUE. Curiosamente, embora seja uma música só, a primeira parte é baseada nos conflitos na Irlanda do Norte, enquanto que a segunda parte é baseada nos quadrinhos do Justiceiro (The Punisher). Vai entender uma coisa dessas! A música é excelente, mas come poeira na comparação com a faixa seguinte. HANGAR 18 é uma das melhores faixas do álbum, uma das músicas mais legais de toda a discografia do Megadeth e uma das composições mais animalescas de toda a história do heavy metal. Os solos intermináveis e maravilhosos na parte final da música são de fazer babar qualquer sujeito que goste de guitarras!

TAKE NO PRISONERS, com seus backings irados, é outra faixa excelente, cuja letra trata sobre prisioneiros de guerra e sobre como os soldados são esquecidos depois que voltam mutilados da guerra. FIVE MAGICS é uma faixa com ótima instrumental e com uma letra bem diferente, sobre um sujeito que vive num lugar sob o domínio de um tirano (The Abyss Lord) e pretende destroná-lo. Para isso, o cara se mete a aprender cinco diferentes doutrinas de magia (Alchemy, Wizardry, Sorcery, Thermatology e Electricity) e se torna tão poderoso quanto o Abyss Lord. Só que, cego pelo poder, ele se torna cruel e indiscernível do seu próprio inimigo, e acaba derrotado por ele. A moral da música é a máxima bíblica de que "aquele que vive pela espada está fadado a morrer pela espada".

Gosto é gosto, e é bem possível que algum fã do Megadeth fosse discordar de mim sobre isso, mas considero as duas faixas seguintes as menos memoráveis do álbum. POISON WAS THE CURE e LUCRETIA são ótimas composições, curtas e certeiras, mas sempre achei que elas não são tão fantásticas quanto as outras do disco. A primeira fala sobre os problemas de Mustaine com as drogas, e a segunda - pasmem! - é sobre um fantasma que viveria no sotão da casa dele, e sobre como ele vai escondido lá durante a noite para procurar o fantasma, para que ninguém pense que ele é louco. A letra é um barato: "sitting up late at night, I tiptoe through the darkness, cold as hell black as spades, aware of my immediate surrounding, in my place I escape, up into my hideout, hiding from everyone, my friends all say, 'Dave your mental any way' hey!". Espero que essa história seja brincadeira, senão teremos que concluir que provavelmente também LUCRETIA tem uma letra que diz respeito às drogas usadas pelo vocalista!

Quando eu disse que achava POISON WAS THE CURE e LUCRETIA menos memoráveis do que o resto do álbum, isso não se deve apenas ao fato de que o disco começa muito bem, mas também em razão de as últimas três músicas serem petardos da maior qualidade. TORNADO OF SOULS é simplesmente uma das melhores faixas da história da banda, perfeita em todos os aspectos e empolgante do começo ao fim. DAWN PATROL é praticamente um solo de baixo com Mustaine sussurrando uma pequena e sinistra letra sobre um mundo que se tornou inabitável depois do holocausto nuclear. A faixa é curta (tem 1 minutos e 51 segundos) e esquisita, mas é impossível não gostar, até porque ela serve de aperitivo para a música que fecha o disco com chave de ouro: RUST IN PEACE ... POLARIS. Além do instrumental excelente, essa música tem uma letra sensacional, com momentos como "launch the Polaris, the end doesn't scare us, when will this cease, the warheads will all rust in peace" (lancem o Polaris, o fim não nos assusta, depois que isso acabar, as ogivas vão todas enferrujar em paz). Polaris é o nome de um míssil nuclear americano lançado por submarinos, criado no final dos anos 50 e que é usado até hoje pela Marinha da Inglaterra.

O motivo de Rust in Peace ser um clássico absoluto da história do heavy metal provavelmente se deve ao fato de ele "casar" um trabalho instrumental de primeiríssima qualidade com um repertório de letras eclético e provocativo. Conflitos políticos e religiosos, extermínio nuclear, drogas, relacionamentos turbulentos, violência, teorias da conspiração, bastidores do poder político e militar: a lírica de Rust in Peace mais parece um telejornal do final dos anos 80 e começo dos 90. Embora a questão nuclear hoje seja relativamente menos preocupante, o que mais incomoda é que a abordagem de todos esses problemas continua atualíssima no "futurístico" ano de 2010 no qual vivemos.

O lado bom é que o álbum, por seus próprios méritos musicais, continua ainda mais atual do que os temas que aborda. E o melhor de tudo é que a atual tour da banda, em comemoração aos 20 anos do disco, está tocando o Rust in Peace na íntegra nos shows. Sim, amanhã verei o Megadeth ao vivo tocar na minha frente esse álbum inteiro, do começo ao fim! São coisas assim que fazem a vida valer à pena!


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