sábado, 20 de fevereiro de 2010

MAIDEN HEAVEN - A TRIBUTE TO IRON MAIDEN (2008)


Em julho de 2008, a tradicional revista britânica de rock Kerrang! presenteou seus leitores com uma cópia grátis de um tributo ao Iron Maiden organizado pela revista. Apesar de já existir mais de meia dúzia de tributos ao Maiden por aí desde o final dos anos 90, Maiden Heaven se destaca por conter alguns dos mais interessantes covers da "besta" que já se viu.

O álbum começa com o pé direito, com a excelente banda Black Tide apresentando uma empolgante leitura para a jurássica Prowler, uma das mais antigas músicas do Maiden! Muito bom.

A segunda faixa é, evidentemente, o grande destaque do álbum: Remember Tomorrow executada por ninguém menos do que os caras do METALLICA! É sempre um prazer ver um gigante do heavy metal coverizando outro, e o resultado aqui é muito bom, com arranjos que mantém a fidelidade da música do Maiden porém com a inconfundível sonoridade/agressividade do Metallica nos vocais e no instrumental. Não é todo dia que se vê James Hetfield interpretando Paul Di'Anno. Imperdível!

O Avenged Sevenfold ataca com Flash of The Blade, original do álbum Powerslave. O instrumental é bem fiel ao original, embora os vocais claramente fiquem devendo um pouco na comparação com o trabalho original de Bruce Dickinson (o que se percebe principalmente no refrão).

A faixa seguinte é a clássica Two Minutes to Midnight, coverizada pelo Glamour of the Kill. Os caras mudaram bastante a métrica da música, e os vocais meio "emocore" não parecem muito apropriados. O resultado final não é de todo ruim e não chega a destruir a música original, mas fica muito longe daquela sonoridada empolgante do clássico do Maiden. Chatinha e pouco convincente.

The Trooper, outra das músicas mais memoráveis do Iron Maiden, aparece nesse álbum num cover de Coheed and Cambria. O instrumental surpreende, já de cara, pela ABSURDA fidelidade à faixa original. O vocal, embora bem distinto do de Dickinson, segura bem (apesar do timbre um pouco irritante). No geral, um cover bastante burocrático e dispensável.

O Devildriver se aventura com Wasted Years, do álbum Somewhere in Time. Tentar meramente replicar essa música seria pedir pra quebrar a cara, e a banda sabiamente optou por um arranjo bem diferente, com vocais distorcidos de thrash/death metal e instrumental um pouco modificado (porém muito caprichado, principalmente no solo). Ficou interessante ver o melódico refrão original nessa versão agressiva, "rasgada" e gutural.

Já estava demorando pra surgir um cover HORRÍVEL no disco, e quem cumpre essa previsível sina é o Sign, que simplesmente assassina Run to The Hills. Os caras visivelmente queriam fazer uma interpretação tão inovadora e diferente da original quanto possível, mas parecem não ter se dado conta de que o resultado foi um roquinho chatíssimo, arrastado e meio afrescalhado. Tentaram botar uns backing vocals guturais antes do refrão, mas o estrago já estava feito. O delírio dos sujeitos é tão grande que eles se dão ao luxo de criar novas partes para a música, aparentemente pretendendo "ampliá-la", e isso depois de já terem se mostrado incompetentes até mesmo para simplesmente reproduzir as partes originais da música. Caramba, que cover pavoroso! Faça um favor para si mesmo e simplesmente pule essa faixa quando ouvir o álbum!

Felizmente, o choque com a horrível faixa anterior é logo abrandado pela maravilhosa versão de To Tame a Land, executada com imenso talento e conhecimento de causa pelos mestres do Dream Theater. Apesar do arranjo bem fiel ao original, os vocais excelentes de LaBrie e o instrumental elaborado dão uma nova roupagem para essa excelente (e por vezes esquecida) pérola do álbum Piece of Mind. Um dos grandes destaques do álbum! Só mesmo um monstro como James LaBrie para conseguir reproduzir os vocais soberbos dessa música.

Parecia impossível que alguma banda conseguisse se sair pior nesse tributo do que o Sign, mas o Madina Lake conseguiu, apresentando a versão de Caught Somewhere in Time mais desastrada, desencontrada e sem pé nem cabeça que a imaginação pode conceber. Se os caras queriam impressionar o ouvinte, conseguiram. Mas pelas razões erradas.

Falhar em covers das complexas e longas "suítes" do Maiden é até compreensível, mas o Gallows consegue a façanha de fazer feio num rockão simples e direto como Wrathchild, dá pra acreditar? Quase parece um jam casual feita por uma banda punk no estúdio, durante um intervalo de gravação. É mesmo muita cara de pau oferecer uma MERDA dessas para entrar num CD do lado de pesos-pesados como Metallica e Dream Theater!

O Fightstar não deixa a peteca cair e aparece com um excelente cover da clássica Fear of the Dark, com um pouco mais de peso do que a original e com vocais menos melódicos. O resultado é bastante competente e merece uma conferida.

No começo, não levei fé de que o Machine Head fosse apresentar uma boa versão para Halloweed Be Thy Name. Apesar de ser ótima banda, o estilo do Machine Head pouco ou nada tem a ver com essa faixa longa e melódica do Maiden. Mas quebrei a cara! A banda de Robb Flynn entrega uma das melhores faixas desse tributo, com um instrumental absolutamente fantástico e uma interpretação dos vocais que faz jus a este velho hino do Maiden. Confesso que esse cover me pegou de surpresa! O Machine Head realmente matou a pau com esse cover.

O Trivium é uma banda de qualidade mais do que comprovada, portanto não chega a ser uma surpresa que o cover da faixa Iron Maiden feito pelos caras seja simplesmente um arregaço. A música ficou fiel ao original e, ao mesmo tempo, ganhou uma dose reforçada de brutalidade. Excelente!

O Year Long Disaster faz uma versão de Running Free extremamente fiel ao original, tanto no instrumental quanto nos vocais. A faixa peca um pouco pelo excesso de semelhança com a sonoridade do Maiden, mas a banda foi competente ao conseguir reproduzir com qualidade o feeling dos vocais de Paul Di'Anno.

Não é à toa que colocaram o Ghostlines no fim do álbum. O cover de Brave New World dos caras é uma vergonha de tão ruim! Imagine o vocalista do Creed fazendo uma balada com violão e piano e você terá uma idéia da sonoridade horrorosa desse cover "palha" e constrangedor. Transformar a música do Maiden numa balada acústica já seria uma má ideia, mas adicionar vocais cheios de cacoetes de cantor meloso pós-grunge é somar o insulto à injúria. O jeito que esse cara canta é capaz de levar um fã do Iron Maiden ao suicídio! Esse cover é um caso de polícia, não dá pra entender como é que a Kerrang! deixou esse horror entrar no álbum.

Concluindo, Maiden Heaven é um álbum cuja audição é indispensável para os fãs do Iron Maiden. No entanto, é preciso ter em mente que o disco é BASTANTE irregular, como aliás é natural em tributos desse gênero. Apesar dos pontos baixos, as performances de Metallica, Dream Theater, Trivium, Machine Head e Black Tide são imperdíveis.

Outrora saudável, esse fã do Maiden foi parar no hospício depois de ouvir a versão de "Brave New World" do Ghostlines!

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