sábado, 21 de novembro de 2009

Comemorando o Halloween


Aqui vai um post mais-do-que-atrasado sobre o que fiz para comemorar o Halloween, data horrorífica que não poderia deixar de ser comemorada pelo Caveira que vos fala.

Até pensei em ir em alguma festa temática ou algo do tipo. Mas, fiel ao meu estilo (e também em função do cansaço pelas semanas trabalhosas que tive entre outubro e novembro), resolvi ficar em casa e ver (ou rever) alguns filmes com a Suzan.

O nosso fim de semana Halloween começou com Gremlins, um clássico do "terrir" oitentista que eu não via há vários anos. Acho que eu nunca tinha reparado como o filme é GORE e ofensivo para os padrões atuais, ainda mais considerando-se que era um filme visto sem problemas por crianças na época.


Tenho certeza que um filme desses, caso fosse feito um remake, não iria conter tantas cenas politicamente incorretas (gremlins atirando uma mulher idosa pela janela do segundo andar da casa, uma mãe de família enfiando gremlins no forno de micro-ondas e no liquidificador, um professor fazendo experiências cruéis com um mogwaii, o protagonista molhando Gizmo intencionalmente - malgrado a dor horrenda sofrida por este - só para fins de teste, etc).



O segundo filme foi o novo Sexta-Feira 13, que eu já resenhei aqui na Cripta há alguns meses atrás. A Suzan ainda não tinha visto esse e eu aproveitei para rever.


É legal para caramba, divertido, violento e com boas cenas de gatas com os peitos de fora. Só lamento que, com o sucesso comercial desse remake, já estejam planejando continuações desnecessárias. A cinessérie original rendeu nada menos do que DEZ filmes (fora o crossover "Freddy Vs Jason"), sendo a maioria dispensável. Tudo o que Sexta-Feira 13 NÃO precisava era render MAIS UMA uma série interminável de filmes medíocres.


Por fim, aproveitei para rever ENTREVISTA COM O VAMPIRO, um dos meus filmes prediletos. Acho que foi a primeira vez que vi esse filme em DVD. A primeira vez que o vi foi em 1994 nos cinemas, e anos depois gravei o filme da TV em VHS e assisti "n" vezes.

Depois de ter visto o filme tantas vezes, mal tenho o que comentar, pois sei praticamente de cor cada cena e diálogo. Mas é sempre um prazer rever esse filmaço, que é um dos grandes responsáveis pela VAMPIROMANIA dos anos 90 - que, aliás, parece ter voltado com força total nos últimos anos. Quando você vê essas coisas bobas atuais, voltadas para o público aborrescente médio (como a "febre" Crepúsculo), é impossível deixar de perceber o quanto se perdeu daquela atmosfera e densidade literária das obras de Anne Rice.

Parece que os vampiros da moda atual são imaturos, emos e não gostam de boa literatura - ou seja, são basicamente um espelho da adolescência contemporânea. Se o Lestat encontrasse esses afetados na rua, certamente desceria o cacete neles!

Por fim, meu blog retrogamer CEMETERY GAMES também entrou no clima de Halloween. Vários blogs e sites de games antigos participaram da iniciativa chamada "Retroween", e o Cemetery Games foi um deles, com um review caprichado do clássico de horror SUPER CASTLEVANIA IV do Super Nintendo. Confira em: www.cemeterygames.wordpress.com


Bem, corpos e almas, esse foi o Halloween do Caveira. Pacato e reservado, mas divertido. Até porque, aqui na Cripta, todo dia é Halloween e toda hora é meia-noite, BUA-HA-HA-HA-HA-HAAAAA!!!!!!



O Caveira analisa: HEAVEN AND HELL - THE DEVIL YOU KNOW (2009)


Já fazia mais de uma década que corriam boatos sobre um possível novo álbum de estúdio do Black Sabbath. Lembro que em 1997, quando eu estava no segundo grau, a formação clássica (com Ozzy) lançou o aclamado álbum duplo ao vivo "Reunion", que apresentava duas faixas inéditas de estúdio. Na época, parecia que um novo álbum de estúdio seria apenas uma questão de tempo. E que tempo! Dez anos se passaram, Ozzy lançou mais dois ou três discos nesse meio tempo e nada de um inédito do Sabbath.

Eis que, curiosamente, em 2006 a banda se reúne com sua célebre formação dos aclamados álbuns "Heaven and Hell", "Mob Rules" e "Dehumanizer": com Ronnie James Dio nos vocais. No começo, a idéia era só promover o lançamento da coletânea "Black Sabbath - The Dio Years" com e fazer uma tour entre 2007 e 2008. Para evitar comparações com a formação capitaneada por Ozzy Osbourne, a banda resolve se denominar Heaven and Hell. Como já seria de se esperar, essa volta aos palcos contou com enorme aclamação do público e levou os caras a pensarem num novo trabalho de estúdio.

Aqui, vou me permitir expressar uma pequena opinião: "Heaven and Hell" é o cacete! Não se engane, meu amigo, você está diante do BLACK SABBATH, sim senhor! Essa formação com Dio marcou seu lugar na história, foi muito elogiada na época e teria hoje todo o direito de voltar à ativa novamente sob a bandeira do Sabbath. Como se vê, os caras optaram por adotar o nome de seu álbum mais aclamado, lançado em 1980. De qualquer forma, o importante é saber que basicamente estamos diante do novo álbum de estúdio do Black Sabbath.

A própria banda deixa esse fato implícito no título do álbum: "The Devil You Know" (o demônio que você conhece). A mensagem parece óbvia: "não é nenhuma banda nova ou obscura, seu bunda mole. É Black Sabbath com Dio na veia! É óbvio que é bom, tem alguma dúvida?!? Compre agora, seu retardado"!

O álbum já começa surpreendendo pela excelente capa, demoníaca até não poder mais. É talvez mais sinistra e violenta do que qualquer capa de disco já feita pelo Sabbath, o que não é dizer pouco!

"The Devil You Know" começa com "Atom & Evil", uma música arrastada e com aquele clima sinistro característico dos trabalhos clássicos do Sabbath. De cara, o que mais chama a atenção é a qualidade dos maravilhosos vocais de Dio, a despeito dos respeitáveis 67 anos de idade do vocalista.

A faixa seguinte, "Fear", já abre com um riffzão de guitarra em torno do qual a música é construída, e logo é acompanhado por uma batidona cadenciada na bateria. Mais uma vez, o destaque absoluto é a voz de Dio, que dá à música uma atmosfera mista entre Black Sabbath e Rainbow.

"Bible Black", que foi o primeiro single do álbum, começa com um arpejo de violão seguido por um breve solo de guitarra. Dio entra com vocais suaves por cima, quase parecendo um som do Scorpions. O baixo de Geezer Butler "comendo" no fundo dá sinal de que a calmaria não vai longe e, logo, a pauleira começa com a guitarreira de Toni Iommi, dando vazão a mais um riff malvadão e pesado. A música é ótima, tem um andamento excelente e bota no chinelo as duas vagarosas primeiras faixas. Toda a banda mostra estar em boa forma nessa música, cujo instrumental - com destaque para o baixo - é do caralho.

"Double the Pain" abre com um riffzão sinistro de baixo cheio de efeitos, logo acompanhado pela guitarra de Iommi. A faixa é bem hard rock, com um pique mais rápido do que as faixas anteriores e uma estrutura mais simples de "estrofe/refrão" no melhor estilo hard rock radiofônico. Funciona muito bem, e naturalmente é uma faixa que gruda fácil na cabeça.

"Rock and Roll Angel" é a faixa seguinte, que lembra aquelas músicas viajantes com temas místicos do Rainbow. Dio novamente rouba a cena com sua interpretação vocal irretocável. Eu sei, pode parecer puxação de saco e babação de ovo, mas acredite: o cara realmente carrega a música nas costas e dá aquele "pedigree" para a faixa, que se destaca também pelas melodias que ficam na cabeça e, é claro, pela paradinha com violão e solo no meio da música. Do caralho, coisa para arrepiar! É uma das músicas que mais curti no disco, sem pensar duas vezes!

"The Turn of the Screw" é seguramente uma das faixas mais memoráveis do álbum, um hardão que alterna momentos arrastados com partes mais rápidas, com Dio cantando por cima do baixão de Geezer, que vai guiando a música.

"Eating the Cannibals" já começa apavorando, sendo de longe a faixa mais rápida e irada do álbum até aqui. Os "vovôs" do heavy metal mostram nessa faixa que ainda são capazes de arrebentar a pau com propriedade. A música é rápida e divertida, com vocal e instrumentais funcionando como um relógio. Atenção para o solo fodão de Iommi no meio da música.

"Follow the Tears" começa com um riff cadenciado de guitarra acompanhado de um órgão sinistro no fundo, logo acompanhado por uma batida de marcha na bateria. Parece a trilha sonora dos exércitos do MAL caminhando sobre a face do planeta. Logo entra um riff de guitarra que é SABBATH 100% PURO, para choramingante emoção de todo fã que saiba o que é heavy metal de qualidade.

"Neverwhere" é mais uma faixa acelerada do disco, na esteira de "Eating the Cannibals". Difícil dizer quais das duas é mais legal, pois é sempre ótimo ver essa velha guarda do metal detonando um som mais rápido.

Por fim, o discão fecha com "Breaking Into Heaven", que deixa a rapidez de lado e investe naquele ritmo pesadão-arrastadão-do-mal, característico do Sabbathão.


O veredito? "The Devil You Know" não é um álbum que vai mudar o mundo, não inova e não se compara em profundidade aos trabalhos mais clássicos do Black Sabbath. Só que tudo isso já era esperado. O que não era esperado era ver o Black Sabbath, com seus integrantes estando entre os 60 e 70 anos de idade, detonando ao vivo e em estúdio de novo com tamanha qualidade. "The Devil You Know" é um novo álbum do Sabbath que honra a discografia da banda e bota no chinelo muita coisa feita pelo grupo há décadas atrás (uma parte da mídia especializada chegou a considerá-lo superior ao célebre "Dehumanizer" de 1992). Poder ouvir material novo do Sabbath em pleno ano de 2009 é um presente que nenhum fã de heavy metal em sã consciência pode se dar ao luxo de dispensar.

Geezer continua um baixista animal, Iommi ainda é o "riffmaster" que praticamente criou a escola do heavy metal e Dio é simplesmente um ASSOMBRO! Todo mundo fica com o queixo no chão ao ver como Bruce Dickinson ainda mata a pau no Iron Maiden, mas quando você se dá conta de que Dio é 16 anos mais velho que Dickinson e ainda destrói, não dá pra não ficar impressionado!

Valeu pelo disco novo, Black Sabbath ("Heaven and Hell" é a vó!). A espera foi de mais de uma década, mas o resultado matou a pau! E que o próximo venha logo, seja sob o nome que bem entenderem! Não faz diferença se os caras quiserem se apresentar como "Black Sabbath", "Heaven and Hell" ou "Tchurminha do Barulho": basta ouvir esse pessoal tocando para termos certeza de que se trata daquele bom e velho demônio que nós conhecemos tão bem.