quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O CAVEIRA RECOMENDA: MEGADETH - ENDGAME (2009)

Eu me tornei um fã de Megadeth há doze anos atrás, por ocasião do lançamento do excelente álbum Cryptic Writings, que me virou a cabeça com suas músicas rápidas e poderosas. Depois disso, com o passar dos anos, fui aos poucos conhecendo mais e mais do fortíssimo legado de álbuns clássicos da banda, com destaque para o célebre Rust in Peace, de 1990, que considero hoje um dos melhores discos de heavy metal de todos os tempos.

Apesar disso, depois do arrebatamento com Cryptic Writings, nenhum dos álbuns seguintes da banda me pareceu tão forte. Risk, de 1999, sempre me pareceu um bom álbum, cheio de composições interessantes, mas padecia de um "pequeno probleminha": não soava como Megadeth nem aqui nem na China. O disco foi um fracasso comercial e conquistou o ódio dos fãs do grupo, que até hoje não podem nem ouvir falar dele sem vomitar.

Na sequência, em 2001, o Megadeth lançou The World Needs a Hero, um álbum que eu escutei muito na época e que eu achei (ainda acho) muito bom. Mas estava longe da força das composições presentes no Cryptic Writings.

The System Has Failed, de 2004, era uma espécie de retorno da banda ao thrash, depois da fase mais "hard rock/heavy tradicional" adotado a partir do disco Youthanasia (1994). Achei interessante, mas um pouco genérico, sem a força e identidade dos grandes álbuns da banda.

No entanto, em 2007 o Megadeth atacou com United Abominations, álbum que de certa forma colocou a banda de volta nos holofotes. O disco continuava a proposta do anterior, no sentido de resgatar as raízes thrash da banda. Mas as composições estavam bem mais elaboradas e poderosas, incluindo ainda uma nova versão para a clássica A Tout le Monde, regravada com participação da vocalista do Lacuna Coil, Cristina Scabbia. Eu ouvi bastante o álbum e achei muito legal, mas ainda não era um Cryptic Writings.

Bem, e esse recém-lançado Endgame? É um novo Rust in Peace? É um novo Cryptic Writings? Não, nem de perto. Não é um álbum que vai reescrever a história da contribuição do Megadeth para a música pesada, nem reinventar o thrash metal. Mas não pense que toda a aclamação da crítica vem do nada: o álbum é imperdível, e seguramente é o melhor da "nova fase thrash" do grupo. Para o meu gosto pessoal, é o álbum mais legal da banda desde The World Needs a Hero em 2001.

Endgame abre com a absurda "Dialectic Chaos", 2 minutos e vinte segundos de riffs empolgantes e solos absurdos da melhor qualidade. É uma senhora paulada no ouvido e uma abertura de respeito. Parece uma coisa saída do Rust in Peace mesmo. A banda parece fazer questão de esfregar na cara do ouvinte - já desde o primeiro segundo - o fato de que o trabalho de guitarras nesse álbum está matador.

"Head Crusher" é o primeiro single do álbum, a faixa rápida e pauleira que serve de cartão de visita para o ouvinte. "Endgame" é a faixa com a letra mais politizada, dentro da tradição de crítica ácida das composições de Mustaine. Outros destaques são "This Day We Fight", "44 Minutes", "How the Story Ends" e a diferente "The Hardest Part of Letting Go", a faixa menos convencional do álbum.

Endgame é uma dupla alegria: é, ao mesmo tempo, um dos melhores álbuns de heavy metal do ano e uma demonstração de que o Megadeth (uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos) vive hoje uma grande fase. Vida longa ao rei Dave Mustaine!

O Caveira recomenda.

BATMAN - ARKHAM ASYLUM

Nessa semana comecei a jogar o novo Batman - Arkham Ayslum no Xbox 360. Caraca, não é à toa que a mídia especializada está rasgando essa seda toda em cima do jogo. É realmente MUITO bom. A qualidade audiovisual é excelente e a jogabilidade é maravilhosa. A forma como Batman detona a pau meia dúzia de bandidos ao mesmo tempo, quase dançando enquanto golpeia, é de uma satisfação brutal.

O jogo equilibra bons e fluídos momentos de luta, de ocultação (tipo "fique na moita, não seja visto e derrote os bandidos furtivamente e silenciosamente") e de puzzles. Mas todo o conjunto funciona como um relógio, mantendo o jogador "absorvido" sem trancá-lo em missões chatas e repetitivas. Para vocês terem uma idéia, na primeira vez em que sentei para jogá-lo só parei depois que já tinham passado quase três horas. Dá pra dizer que é viciante, não?

Destaque também para o excelente trabalho de dublagem do jogo, com Mark Hamill (o eterno Luke Skywalker) fazendo a voz do Coringa.


A trama é a seguinte: o Coringa ataca o escritório do prefeito de Gotham City, mas é rapidamente detido por Batman, que o leva para ser encarcerado no Asilo Arkham. "Coincidentemente", nessa mesma noite, um incêndio misterioso na prisão de Blackgate faz com que centenas de prisioneiros daquele estabelecimento sejam subitamente movidos para o Arkham. Pouco depois de o Coringa ser levado para o interior do asilo, a vilã Harley Quinn toma conta dos sistemas de segurança do Arkham e o Coringa é libertado, passando a ter o controle total do estabelecimento. Batman soma 2+2 e logo se dá conta de que todo esse caos foi friamente planejado pelo Coringa para destruí-lo.


A mídia especializada anda alardeando que o jogo seria "o melhor game de super-herói de todos os tempos". Esse tipo de observação pode ser um exagero. Lembro que o Batman do NES (de 1989) era um game excepcional para a época, por exemplo. Mais recentemente, tivemos em 2000 o sensacional Spiderman do PsOne.

De qualquer forma, dá pra dizer - sem medo de errar - que esse novo game do Batman não apenas é o melhor game de super-heróis da atual geração como, mais do que isso, é simplesmente um dos melhores jogos dessa geração de consoles, independentemente de estilos e subgêneros.

O Caveira MAIS DO QUE recomenda!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ANJOS E DEMÔNIOS (ou "COMO ESTRAGAR UM FILME NOS SEUS ÚLTIMOS TRINTA MINUTOS")

Acabo de assistir "Anjos e Demônios", do diretor Ron Howard. E confesso que o filme me deixou confuso, pois no final das contas fica difícil dizer se ele é bom ou ruim.

Vamos começar pelos pontos positivos: a cenografia do filme é belíssima, a ação é constante, o ritmo do filme é interessantíssimo (em contraste com a chatice burocrática e a monotonia da película de "O Código da Vinci") e a história funciona em capturar a atenção do espectador.

Bom, mas sendo assim, como estragar um filme com essas qualidades? Simples: prolongando-o meia hora além do necessário e finalizando-o com o final mais estúpido, bobo, carente de sentido imaginável.

Não li o livro original de Dan Brown, mas li o seu "O Código da Vinci" e sei que, apesar de suas qualidades aqui e ali, o sujeito é um escritor medíocre. Por isso me parece que ele, mais do que o diretor Howard, é o culpado pela reviravolta "trash" do fim da história, que não apenas soa forçada como ainda tem o mérito de retroativamente estragar o que até então funcionava na história - o mistério, a conspiração secreta, o desejo de vingança, etc.

Por volta da primeira hora e meia de filme, a história faz sentido, ainda que com seus naturais excessos e liberdades criativas. Mas nos últimos trinta ou quarenta minutos tudo isso é jogado pelo ralo em prol da obsessão de Brown por reviravoltas baratas, e em retrospecto o que sobra é uma história completamente sem pé nem cabeça, inverossímil e desprovida de qualquer mensagem palpável.


Se você não viu o filme, pule esses próximos cinco parágrafos de SPOILERS. Mas se já viu, reflita por um momento e me responda: o personagem de Ewan McGregor queria mesmo destruir o Vaticano e matar todo mundo? O filme parece sinalizar que não, que o objetivo dele era tão somente simular um ataque externo de inimigos da Igreja para fortalecê-la, demonizando a ciência sem se render aos apelos da modernidade. Mas, se é assim, por que ele colocou uma bomba de antimatéria no Vaticano e deixou ela lá até faltar cinco minutos para que explodisse, levando-a então embora de helicóptero às pressas e arriscando a sua vida de forma inacreditável e imprevisível?

Mais: na qualidade de pessoa mais próxima do Papa que havia, o personagem de Ewan McGregor não tinha ciência das câmeras de vigilância instaladas nos aposentos papais e que vieram a revelar toda a verdade sobre seus planos? Será que não existiria outro recurso narrativo menos estúpido do que fazer o vilão secreto da história se revelar através de uma confissão gravada por câmeras internas de segurança, meu saco?

Não é só isso, não! Continuo: raptando os quatros cardeais favoritos para a sucessão papal, qual era o plano do personagem de McGregor? Favorecer a eleição do cardeal mais conservador? Mas se assim fosse não era mais fácil apenas ter sequestrado os cardeais, ao invés de ter apelado para uma bomba de antimatéria no Vaticano? Caramba, o próprio personagem de McGregor suplica para que o conclave seja adiado e para que todos os cardeais fujam. Como isso poderia ajudar o plano de eleger um Papa mais conservador?

Claro, alguém poderia dizer que a idéia do vilão era justamente posar de herói para ser eleito Papa por aclamação! Só que para isso ele precisaria ser tão onisciente quanto Deus, para antever minuto a minuto o desenrolar da história e ter certeza absoluta de que conseguiria se livrar da bomba no último minuto, saltar de paraquedas durante uma explosão de antimatéria e sobreviver!

Bom, acho que são só esses os furos da história, mas ... não, não, espera aí mais um pouquinho! Quer dizer que toda essa ENORME conspiração envolvendo o sequestro de quatro cardeais de dentro do Vaticano, o assassinato de um Papa e o roubo de um cilindro de antimatéria em Geneva foram orquestrados e realizados por DUAS PESSOAS?!? Todo esse inferno que dura quase duas horas e meia na tela, parecendo uma conspiração de superpoderosos oniscientes e onipresentes, foi levada a cabo por DUAS pessoas?!?!

É, não tem jeito, não. Apesar de seus bons momentos, a história desse filme não tem pé nem cabeça.

A "moral" que Brown tenta passar é mais do que batida, ou seja, que não deve haver rivalidade entre a religião e a ciência - sugerindo, pela trama, que o maior obstáculo a esse entendimento vem dos setores mais conservadores da religião. Mas, francamente, é pouca mensagem para duas horas e meia de suspense arrasados pelo "susto vagabundo" do final.

De qualquer forma, não vou dizer que não recomendo o filme. Vale à pena dar uma olhadinha, nem que seja para conferir o visual exuberante e a excelente cenografia. E até mesmo para apreciar a história, que mantém o espectador atento, entretido e interessado antes de tudo ser arruinado pela necessidade de Brown de apostar em truques literários baratos em detrimento de uma narrativa coesa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O CAVEIRA RECOMENDA: GAROTOS PODRES - COM A CORDA TODA (1997)

Só agora, uma semana depois, fui ouvir o outro CD que comprei na Jam junto com o do Inocentes (já resenhado em post anterior do blog).

A Garotos Podres é uma das bandas mais icônicas do punk rock brasileiro, surgida em 1982 e tendo lançado seu primeiro álbum em 1985. O som da banda é marcado pela irreverência, pela crítica ácida e pelas letras politizadas. Não deve ser à toa que a banda tem um som inteligente, já que o inconfundível vocalista Mao é Doutor em História pela USP.

Eu curto o som dos Garotos Podres há bastante tempo, mas não tinha nenhum álbum dos caras, só umas músicas esparsas em mp3. Então optei por esse "Com a Corda Toda", lançado em 1997, que me pareceu ser uma espécie de coletânea da banda.


Mas eu estava enganado. O álbum não é exatamente uma coletânea. Das treze faixas, sete são músicas novas. Dessas, a mais divulgada possivelmente foi "Mancha", que eu já tinha ouvido por aí. De resto, a banda apresenta quatro regravações de sons "crássicos" do grupo - "Garoto Podre", "Anarkia Oi!", "Papai Noel Velho Batuta" e "Subúrbio Operário", uma mais legal que a outra. Essas faixas clássicas aí dispensam comentários para qualquer pessoa que conheça um mínimo de punk nacional, pois são sons mais do que célebres dessa cena ("Papai Noel Velho Batuta" foi inclusive coverizada nos anos 90 pelo Ratos de Porão no antológico álbum "Feijoada Acidente").

O disco ainda apresenta duas versões do Garotos Podres para músicas de bandas estrangeiras: "Skinhead Girl" (da banda jamaicana Symarip) e "Expulsos do Bar" (da banda portuguesa Mata-Ratos). As duas são legais, mas a melhor é sem dúvida a primeira, que ficou excelente.

Destaque para o encarte, simples mas eficiente, que apresenta todas as letras não apenas em português como também "traduzidas" para o inglês, certamente visando facilitar a divulgação da banda fora do Brasil.

A produção do álbum ficou por conta de Clemente, do Inocentes, mais uma vez mostrando a união e o bom entrosamento dos ícones da cena punk nacional entre si.

"Com a Corda Toda" é uma excelente pedida para conhecer o som do Garotos Podres, já que o álbum apresenta, num pacote só, sons conhecidos e clássicos do grupo junto com uma série de sons novos legais. O Caveira recomenda!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

HALO 3

No último fim de semana, atravessei a madrugada jogando HALO 3 no Xbox 360 e virei o jogo. Mais um notável feito nerd para o meu orgulhoso currículo.

HALO 3 é muito bom! Além de ser um dos melhores e mais divertidos games multiplayer que já conheci na vida, a campanha single player é sensacional, com vários momentos que beiram o cinematográfico. O bom e velho Master Chief pilota os mais variados veículos durante o jogo, enfrenta de aliens baixinhos a gigantescos tanques de guerra em forma de caranguejo e a ação come solta de várias formas diferentes, com todo tipo de arma e com uma quantidade absurda de inimigos levando bala ao longo do jogo.


A história do jogo não é exatamente simples. Como faz anos que joguei o primeiro Halo (e como nunca joguei Halo 2), confesso que tive um pouco de dificuldade para acompanhar a história. Mas é mais ou menos o seguinte (cuidado com os spoilers, hein?):

No século XXVI, a humanidade desenvolveu a capacidade de viajar mais rápido que a luz, o que possibilitou a colonização de diversos planetas. No entanto, após algumas décadas, os humanos se defrontam com os Covenant, uma aliança de raças alienígenas hostis. Uma guerra interplanetária irrompe entre os humanos e os Covenant, que destroem diversas colônias humanas através do "glassing" (um poderoso disparo de plasma que transforma a superfície do planeta atacado em vidro). Felizmente, a Terra continuava desconhecida pelos Covenant, o que veio a mudar com os eventos narrados em Halo 2.


Halo 3 começa com o protagonista Master Chief voltando à Terra, que está sendo atacada com força total pelos Covenant, com a maioria da resistência humana tendo já sido esmagada. Os Covenant estão seguindo um líder religioso conhecido como o High Prophet of Truth, e o objetivo dos inimigos é ativar um artefato alienígena ancestral descoberto na África. Este artefato foi construído por uma antiga civilização alienígena já desaparecida - os Forerunners. Esta é a mesma civilização que construiu os Halos, que são imensos mundos artificiais em forma de anéis, espalhados pela galáxia.


Os Covenant pretendem ativar o artefato para poderem ter acessos aos Halos e impedir o avanço de uma praga alienígena conhecida como Flood, que é basicamente um raça de parasitas que se alimenta de todo tipo de vida senciente que encontra. O problema é que todos estes antigos artefatos dos Forerunners foram construídos precisamente como uma "solução final" contra os Flood, na medida em que, quando ativados, destroem toda a vida existente na galáxia.


Apesar de toda a luta de Chief e da resistência humana, os Covenant liderados pelo Prophet conseguem ativar o artefato alienígena, que abre um imenso portal pelo qual as forças Covenant adentram. Esse portal leva a um ponto distante do universo, fora da Via-Láctea, no qual os Forerunner construíram uma imensa estrutura conhecida como The Ark. Desse local, é possível ativar todos os Halos existentes, o que é exatamente o plano do Prophet.



Após controlar a ameaça de uma nave Flood que caiu na Terra, uma aliança entre os humanos e uma facção dos Covenant contrária aos planos do Prophet decide que a única alternativa é entrar pelo portal e derrotar o Prophet antes que os Halos sejam ativados.

Quando Chief está perto de impedir Prophet, o líder dos Flood - uma monstruosa entidade denominada Gravemind - propõe uma trégua com os heróis para que Prophet seja detido. Mas assim que Prophet é derrotado, Gravemind trai Chief e o Árbitro (o aliado Covenant do protagonista) e atira novamente suas hordas de floods contra eles.


Sabendo que The Ark está construindo um novo Halo para substituir aquele que foi destruído no final do primeiro jogo, Master Chief decide acionar apenas este artefato isoladamente, o que destruirá todos os flood nas proximidades sem colocar em risco a vida de todos na galáxia. Para isso, ele precisa resgatar sua aliada, a inteligência artificial Cortana, que possui o código de ativação do Halo.


Após ativar o anel, Chief, Cortana e o Árbitro fogem do raio de destruição do artefato numa fragata chamada Forward Unto Dawn, mas apenas a metade frontal da nave (onde está o Árbitro) consegue atravessar o portal de volta à Terra. Com isso, Cortana e Master Chief são dados como mortos, e um memorial é erguido a todos os que lutarem e pereceram lutando contra os Covenant e o Flood.

No entanto, após os créditos finais, a parte traseira da Forward Unto Dawn é mostrada à deriva no espaço. Cortana emite uma mensagem de socorro, mas alerta que podem se passar anos antes que algum resgate apareça. Master Chief então se coloca em sono criogênico, pedindo para ser acordado quando Cortana precisar dela.


Enfim, uma verdadeira space-opera nerd. Quer coisa melhor do que isso?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Caveira Recomenda: INOCENTES - O Barulho dos Inocentes.

Hoje dei uma passada na JAM Sons Raros aqui em Nóia City e comprei dois CDs de bandas que são verdadeiras lendas do punk rock nacional. Um é do Inocentes, outro dos Garotos Podres.

Nem ouvi o segundo ainda, portanto vou comentar só sobre o do Inocentes, uma banda que eu tinha curiosidade de ouvir há tempos mas da qual não tinha nenhum material.

Os caras são verdadeiros pioneiros do punk no Brasil, com a banda tendo sido formada em 1981. O álbum que comprei é "O Barulho dos Inocentes", lançado em 2000. É um disco com a banda tocando só sons de outras bandas, quase todas aqui do país.

Claro que o principal motivo que me levou a comprar o CD foi a presença de um cover de "Nos Braços da Vampira", uma das minhas músicas favoritas dos Zumbis do Espaço. Mas tem vários outros sons legais nesse álbum, como o excelente cover de "Sandina", dos Replicantes. "Franzino Costela" é outra faixa legal, mas não sei de que banda é.

Outro som antológico é "O Verme", dos Garotos Podres, que já foi coverizada também pelos Zumbis do Espaço. Aliás, a letra dessa música é Zumbis puro, até parece uma música escrita por eles. Essa versão do Inocentes ficou show de bola também.

Mas não dá pra dizer que a banda acertou em tudo. O cover "aportuguesado" de "I Wanna Be Your Boyfriend", dos Ramones, ficou constrangedor. Ficou com cara de Bidê ou Balde. Taí uma faixa que seria completamente dispensável no álbum.

Outro som que vale a pena ser conferido por qualquer fã do estilo é "Restos de Nada". Essa aí não é exatamente um cover, pois foi escrita pelo próprio Clemente do Inocentes, na época em que ele era da banda Restos de Nada - que, até onde eu sei, é hoje considerada a primeiríssima banda punk do Brasil.

Pelo que pesquisei em rápidas googladas aqui e ali, a faixa "Desequilíbrio" é cover de uma banda de mesmo nome, que uns ex-companheiros de Clemente na Restos de Nada formaram nos anos 80 depois do fim da banda.

"Quanto Vale a Liberdade" é talvez a faixa mais esquisita do álbum. Parece até um som do Ira, inclusive com uns violinos comendo solto. Aparentemente, a música é um cover do Cólera, outro grande nome da cena punk de São Paulo dos anos 80.

"Periferia" é uma composição de ninguém menos que Jão, guitarrista e membro fundador do Ratos de Porão, a mais clássica banda punk nacional.

Uma coisa que achei uma merda é que o encarte só contém as letras e o nome dos autores das faixas coverizadas, mas sem referência ao nome das bandas que originalmente escreveram e gravaram esses sons. Tem algumas músicas muito legais no CD que eu simplesmente não faço idéia de quais bandas são, como "Sujos e Bêbados" e "Inimizade".

O Barulho dos Inocentes, além do nome bem sacado, é uma ótima pedida não apenas para conhecer a sonoridade do Inocentes como, também, uma boa forma de conhecer um pouco mais do punk rock nacional dos anos 80, uma cena que produziu muito material de qualidade e de grande autenticidade e honestidade artística.

O Caveira recomenda!